Mendonça TB, Lummertz AP, Bocaccio FJ, Procianoy F. Effect of Low-Concentration, Nonmydriatic Selective Alpha-Adrenergic Agonist Eyedrops on Upper Eyelid Position. Dermatol Surg. 2017;43(2):270-274. doi:10.1097/DSS.0000000000000967
Com frequência recebo ligações e mensagens de dermatologistas pedindo sugestões para o manejo da ptose pós aplicação de toxina botulínica. Como este é um quadro autolimitado, geralmente é proposto o uso da Apraclonidina – um colírio alfa adrenérgico que atua no músculo de Muller provocando uma elevação temporária da pálpebra superior. Importante ressaltar que o objetivo é apenas reduzir temporariamente de forma medicamentosa a ptose, e não acelerar a sua recuperação natural. Como a Apraclonidina não é disponível no Brasil há muitos anos, costumava-se orientar o uso de outros colírios com efeito adrenérgico em baixa concentração (não midriática) como os vasoconstritores ou alfa agonistas seletivos como a Brimonidina (anti-glaucomatoso). Nunca tive muita convicção sobre qual seria a melhor alternativa entre as disponíveis. Para responder a esta questão, realizamos este estudo comparando o efeito da Brimonidina 0,2%, Nafazolina 0,05% e Fenilefrina 0,12% na abertura palpebral. Curiosamente, a Fenilefrina e a Brimonidina nas concentrações testadas não apresentaram efeito perceptível na abertura palpebral. Já a Nafazolina induziu um aumento médio do MRD1 de 0,56mm 30 minutos após a instilação, que se reduziu para 0,47mm após 60 minutos e 0,26mm após 120 minutos. Baseado nestes resultados, tenho orientado que nos casos de ptose palpebral pós toxina seja utilizada a Nafazolina 0,05%, preferencialmente imediatamente antes de situações de exposição social ou que o paciente deseje uma redução da assimetria, uma vez que a magnitude do efeito é limitada e ocorre uma redução significativa entre 1 e 2 horas da aplicação.