A paralisia do nervo facial afeta 30 a 40 pessoas a cada 100.000 habitantes por ano nos Estados Unidos. Existem inúmeras causas de paralisia do nervo facial desde causas tumorais, traumáticas, infecciosas e iatrogênicas (pós cirurgia), porém elas são apenas 30% das paralisias do nervo facial. A causa mais comum é chamada “paralisia de Bell”, assim nomeada em homenagem ao anatomista escocês Sir Charles Bell, e é dado apenas à paralisia do nervo facial de causa idiopática, ou seja, quando não se acha o motivo que levou à paralisia nervosa, que é a grande maioria. Ela ocorre tipicamente ocorre de forma aguda, dentro de 72 horas. Mulheres grávidas e pessoas com diabetes, gripe, resfriado ou outra doença respiratória superior têm maior predileção para apresentar a paralisia, mas é importante ter em mente que a paralisia de Bell é um diagnóstico de exclusão.

A apresentação clínica é uma disfunção resultante de uma perda não natural de movimento no lado da face afetada. Como o nervo facial é o responsável pela mímica da face, pálpebras superiores e inferiores, a bochecha e o canto da boca mostram um relaxamento anormal. É uma condição desfigurante e causa problemas psicossociais, aumento da sensibilidade ao calor, frio e vento e contribui para a redução da qualidade da vida diária do sujeito afetado. Essa desfiguração é grosseiramente exagerada no movimento e geralmente o paciente baba por falta de tônus no orbicular labial ipsilateral, o que aumenta ainda mais o estigma social. Os efeitos gravitacionais contribuem para piora desse estado no decorrer do tempo.

Para o tratamento otimizado e ideal de um paciente com paralisia facial, seria essencial uma equipe multidisciplinar envolvendo oftalmologistas; cirurgiões de ouvido, nariz e garganta; cirurgiões plásticos; e psicólogo, visto as vastas formas de envolvimento do nervo facial e o impacto psicológico que traz à pessoa envolvida. Porém na maioria dos casos de paralisia de Bell, o prognóstico é bom, com recuperação completa em até 3 meses. Avaliação e acompanhamento com oftalmologista é de suma importância, pelo risco de afetar a córnea pela dificuldade do fechamento das pálpebras (lagoftalmo), consequentemente exposição ocular. Geralmente medidas conservadoras como lubrificação e oclusão do olho afetado à noite são medidas eficazes. Alguns estudos concordam que o uso de corticóides aumenta a probabilidade de recuperação da função do nervo facial nas primeiras 48h do início do quadro. Medidas cirúrgicas, visando diminuir a exposição ocular, são bem indicadas, mesmo precocemente, a depender do grau de comprometimento da função orbicular (fechar os olhos).


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Dra. Sheila A. de Paula Cecchetti

Dra. Sheila A. de Paula Cecchetti

CRM-BA 14777

CRM-BA 14777 - RQE 5415